domingo, 9 de setembro de 2012

Tendência liberal Tecnicista


Tendências pedagógicas
Pedagogia liberal
            O termo liberal não tem o sentido “avançado”, “democrático”, “aberto”, como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificação do sistema capitalista que, ao defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de organização baseada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada sociedade de classes. A pedagogia liberal, portanto, é uma manifestação própria desse tipo de sociedade.
            A pedagogia liberal teve 3 vertentes:

            1º Tendência liberal tradicional:
Criança: capacidade de assimilação igual a do adulto, porém menos desenvolvida;
O aluno é educado para atingir pelo próprio esforço sua plena realização pessoal.

            2º Tendência liberal escola nova:
- Não directiva:
Esconde as realidades das classes sociais;
O aluno é o centro do processo de ensino;
Valorização do aspecto psicológico.
- Diretiva:
            As atividades acontecem de acordo com as realidades do aluno;
            O professor é um mero facilitador da aprendizagem;
            A modificação da aprendizagem é o desejo de adequação pessoal na busca de auto-realização.

            3º Tendência liberal Tecnicista.
            Antes de falar sobre a Tendência liberal tecnicista veremos no que ela se fundamentou, no TAYLORISMO.

            A sociedade industrial: Ao analisar a práxis humana, constatamos que ela supõe uma “trabalho material”, cujo resultado é a produção dos bem materiais. Para tanto, o homem antecipa a ação por meio do pensamento, criando ideias, teorias, que seriam na verdade seriam o resultado do “trabalho não material”, ou seja, o trabalho intelectual.
            …. Com isso aqueles que se ocupam com o trabalho intelectual tendem a desprezar os trabalhadores braçais que assumem essa “inferioridade”… como o trabalhador não realiza uma reflexão… acolhe sem pensar as regras vigentes da sociedade.
            O taylorismo: Com o desenvolvimento fabril, dá-se a agravante introdução do sistema parcelado de produção, tornando a execução do trabalho mais mecânica a mais fragmentada. Essa divisão é intensificada no início do século XX, quando Henry Ford introduziu o sistema de montagem na indústria automobilística. Esse sistema visa aumentar a produtividade e diminuir o tempo.
            O taylorismo e o professor: A legislação é aprovada sem a participação efetiva do profissional de educação e muitas das vezes o planejamento é feito extremamente, com pacotes de materiais curriculares que transformam o professor em simples executor de um projeto.
            O taylorismo e a escola: A escola transmite as ideias e valores que justificam as práticas sociais vigentes…
           
            Tendência liberal tecnicista

            A tendência tecnicista subordina a educação à sociedade, tendo como função a preparação de “recursos humanos” (mão-de-obra para a industria). A sociedade estabelece as metas económicas, sociais e politicas, a educação treina nos alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas.

ü  Manifestações de prática pedagógica escolar no Brasil;
Surge no Brasil em meados da década de 50, mas é introduzida efetivamente no final dos anos 60, com predomínio a partir de 1970.
As leis 5.540/68 (ensino universitário) e  5.692/71 (ensino de 1º e 2º graus), são marcos do modelo tecnicista.
Surge a figura do Supervisor Educacional.

ü  Pressupostos teóricos;
Aprendizagem é modificação de desempenho.
O aluno é submetido a um processo de controlo de comportamento, afim de ser levado a atingir objectivos previamente estabelecidos.
O ensino é organizado em função de pré-requisitos.
Ensino: processo de condicionamento/reforço da resposta que se quer obter, acontece através da: operacionalização dos objectivos e mecanização do processo.
Não se preocupa com o processo mental do aluno, mas sim com o produto desejado.
Busca-se a “eficiência”, a “eficácia” a “qualidade” a “racionalidade”, a “produtividade” e a “neutralidade” na escola, que deve funcionar como uma empresa.

ü  Representantes ou teóricos;
1.    Gagné.
2.    Bloom.
3.    Cosete Ramos.
4.    *Skinner.


*FREDERIC SKINNER: nasceu em 20 de março de 1904 na cidade de Susquehanna Pensilvânia (EUA), onde morou até o ingresso na escola.
            Como Piaget, gostava de observar os animais, sendo um leitor ávido sobre este tema. Ainda criança, assistiu uma apresentação de pombos, este acontecimento o fascinou de tal maneira que muitos anos mais tarte, já psicólogo, dedicou-se a desenvolver programas de treinamento de pombos, lançando as bases teóricas do comportamento operante.
            Nos anos 50, os EUA atravessavam uma grave crise educacional: carência de professores, classes numerosas e pressão publica para melhoria da qualidade de ensino. Após visitar a classe de sua filha, decide intervir no ambiente educacional e projeta a máquina de ensinar. Nos anos 20 SIDNEY PRESSEY já havia criado um artefato semelhante, e Skinner deu o devido crédito ao seu predecessor.
            Skinner deve influências de Watson (1878-1958) que foi o fundador do Behaviorismo e Pavlov (1849-1936) fisiologista russo foi um pesquisador incansável.
            O condicionamento operante
            Skinner denominou o condicionamento pavloviano de respondente e em oposição formulou o conceito de comportamento operante que considerava mais representativo de situação de aprendizagem da vida humana. Para Skinner, a ciência do comportamento deveria estar direcionada para estudar o condicionamento e a extinção de comportamentos operantes.
            O condicionamento operante, segundo ele, não necessita de nenhum estímulo externo observável, a ação é primeiramente espontânea. A ação porém gera consequências que se tornam estímulos para manter ou não àquela ação…, …de forma direta e explícita, que suscita a resposta.
            O condicionamento operante também é o processo pelo qual um programa de reforços é capaz de produzir uma modelagem do comportamento humano. Há dois tipos de reforços: o biológico e o condicionado.

ü  Filosofia
Neopositivista

ü  Papel da escola
Articular-se com o sistema produtivo para o aperfeiçoamento do sistema capitalista: provê formação de indivíduos para o mercado de trabalho. De acordo com as exigências da sociedade industrial e tecnológica. (bases de taylorismo).
Funciona como modeladora do comportamento humano. (Skinner “condicionamento operante”)
Preocupa-se com aspectos mensuráveis e observáveis. O aluno é um ser bio-psico-social.

ü  Conteúdos de ensino
São as informações científicas, leis etc., é matéria de ensino que apenas o que é redutível ao conhecimento observável e mensurável; os conteúdos decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-se qualquer sinal de subjectividade. O material instrucional encontra-se sintetizado nos manuais, nos livros didácticos, nos módulos de ensino, nos dispositivos audiovisuais.

ü  Função da avaliação
Ênfase na produtividade do aluno, uso de testes objetivos.
Realização de exercícios programados, está diretamente ligada aos objetivos estabelecidos. Ocorre no final do processo com a finalidade de constatar se os alunos adquiriram os comportamentos desejados.
Prática diluída, eclética e pouco fundamentada, com apego aos livros didácticos.

ü  Relacionamento professor-aluno
O professor é apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno; é o técnico responsável pela eficiência do ensino, quem administra as condições de transmissão de matéria.
O aluno é um ser fragmentado, espectador que está sendo preparado para o mercado de trabalho.

ü  Método de ensino
Consistem nos procedimentos e técnicas necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira tarefa do professor é modelar as respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal e conseguir comportamentos adequados pelo controle de ensino…
A tecnologia educacional é a “aplicação sistemática de princípios científicos comportamentais e tecnológicos a problemas educacionais, em função de resultados efectivos, utilizando uma metodologia e abordagem sistémica e abrangente.
Os componentes básicos: objetivos instrucionais operacionalizados  em comportamentos observáveis e mensuráveis, procedimentos instrucionais e avaliação.

ü  Técnicas de ensino
Coloca a atenção a atenção em modos instrucionais que possibilitam controle efetivo dos resultados:
-instrução programada;
-pacotes de ensino;
-módulos instrucionais, etc.
-técnicas de microensino.

ü  Modelo de conhecimento

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ü  Opinião “Dermeval Saviani”
Compreende-se, então, que para a pedagogia tecnicista a marginalidade não será identificada com a ignorância nem será detectada a partir do sentimento de rejeição. Marginalizado será o incompetente (no sentido da palavra), isto é, o ineficiente e improdutivo. A educação estará contribuindo para superar o problema da marginalidade na medida em que formar indivíduos eficientes, isto é, aptos a dar sua parcela de contribuição para o aumento da produtividade da sociedade. Assim, estará ela cumprindo sua função de equalização.  


ü  Referencias

SAVIANI, Demerval, Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze tezes sobre a educação política. 39. ed. Campinas, São Paulo, Autores associados, 2007.

MACIEL, Ira, Psicologia e Educação: novos caminhos para formação, pg. 237, Rio de Janeiro, 2001.

ARANHA, Maria, Filosofia da Educação: as relações de trabalho, a tendência tecnicista, 2. ed. rev. ampl. São Paulo, SP, Moderna, 1996.

____, Concepções e tendências da educação e suas manifestações na pratica escolar: pedagogia liberal tecnicista.

____, Tendências pedagógicas na prática escolar: pedagogia liberal tecnicista, cap. 3.

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